quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Meio é a mensagem subliminar.

O                                    Meio                                             é a mensagem subliminar.


FICHAMENTO
"The Shallows" – Capítulo 1, de Nicholas Carr

Nas primeiras linhas vi que “The Shallows” fala de um tempo passado que agora é presente. Marshall MacLuhan prenunciou uma realidade que conhecemos atualmente em Os meios de comunicação como extensões do homem” , observando a ruptura do pensamento linear e destacando que a “mídia elétrica” (rádio, televisão, telefone, cinema) do século XX suplantou a capacidade do texto quando se tratava a mexer com nossos sentidos e pensamentos.
MacLuhan já alertava sobre um processo onde a consciência seria “(re)produzida” de maneira tecnológica e o processo da construção do saber seria algo coletivo. No entanto, o autor sinaliza através da conhecida frase “O meio é a mensagem”, que está no livro, não só a importância desse novo aparelhamento tecnológico, mas também o perigo de não se enxergar o poder nele contido.
Embora seja um dos (se não o) meio que mais estimula a participação e o debate sobre os mais variados assuntos, muitos criticam a internet principalmente pelo viés do conteúdo.  No entanto, o debate tornou-se redundante e de certa forma raso, pois, conteúdo é mais uma questão de gosto. De um lado, alguns enaltecem a democratização da informação, do acesso e, do outro, batem ferozmente na baixa qualidade do que está sendo oferecido na rede.
O que todos esqueceram é que, de fato, o conteúdo perde sua importância com o tempo e o que sobrevive, de uma maneira mais ampla, é a mídia utilizada, a maneira pela qual o processo de comunicação ocorreu, ou seja: o meio da mensagem. É isso que MacLuhan salienta e acrescenta dizendo que a massificação desta tecnologia vai influenciar diretamente nos gostos, na visão de mundo e, de acordo com seu uso, pode até transformar a personalidade do indivíduo.
Como usuários, a grande maioria de nós pensa que a funcionalidade da tecnologia só acontece enquanto estamos no comando, utilizando-a. Isto é um erro porque acabamos direcionados de certa forma em vários aspectos da vida. Certo grupo de empresários da mídia de massa defende que a culpa é de como se usa a tecnologia e não dela propriamente dita. Já MacLuhan sustenta que “toda nova mídia nos modifica”.
O autor começa a observar alguns hábitos que, aos poucos, foram se modificando com o excesso de informações e a instantaneidade desse conteúdo fornecido pela web, por exemplo. Ele cita o ato de leitura, a falta de concentração, a questão de conseguir manter o foco em longas narrativas e completa falando dos hábitos que passaram a ser modificados com as “facilidades” promovidas pela internet.
Apesar disso, algumas vantagens são citadas por alguns autores/leitores da internet, como: maior acesso à diversidade de informações, o aumento de criatividade, leitura rápida, etc. Embora a superficialidade das informações, bem como de sua interpretação seja criticada, a dicotomia do pensamento em rede versus o pensamento linear tem pontos bem definidos e ultrapassa a barreira da mídia.
Dessa forma, passou-se a estudar os hábitos de uso da internet e toda sua influência no cotidiano das pessoas para constatar que em duas décadas a sociedade tornou-se totalmente dependente dela, ficando de algum modo, conectada. E mesmo os que sabem desse “domínio” da tecnologia, não permitem que nada atrapalhe sua relação de uso e divertimento com a mesma.
John Kennemy, autor de O homem e o computador e também o primeiro a utilizar linguagem de programação de acordo com a do cotidiano, era um dos grandes nomes da área nos EUA que buscava tornar os computadores acessíveis para professores e alunos.  Dartmouth College, onde ele estudava, abrigava os mainframes  que permitiam o sistema de tempo compartilhado, aquilo que podemos comparar ao que chamamos hoje de computador pessoal. Posteriormente, Kennemy escreveria em seu livro algo sobre esta relação de convivência entre o homem e o computador.
Essa relação passou a ser apenas de comandado e comandante, onde o homem começou a enxergar o computador como uma ferramenta em que era possível também organizar, encontrar e dividir informações. Ao mesmo tempo em que a máquina, através de novas tecnologias, era adaptável às “necessidades” do ser humano, o ser humano começa a se adaptar às novidades oferecidas pelo aperfeiçoamento da máquina, do seu uso e do usuário. Por consequência, isso passou a deixar evidente o ciclo onde o homem e o computador se interligam e se completam de algum modo, criando uma de dependência em diferentes aspectos, como: social, comportamental e de saúde.
O som transformador, do modem se conectando através da linha do telefone aos servidores, é o meio da mensagem que não vimos durante muito tempo.

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