FICHAMENTO
"The Shallows" – Capítulo 1, de Nicholas Carr
Nas primeiras linhas vi que “The
Shallows” fala de um tempo passado que agora é presente. Marshall MacLuhan
prenunciou uma realidade que conhecemos atualmente em Os meios de comunicação como extensões do homem” , observando a
ruptura do pensamento linear e destacando que a “mídia elétrica” (rádio,
televisão, telefone, cinema) do século XX suplantou a capacidade do texto
quando se tratava a mexer com nossos sentidos e pensamentos.
MacLuhan já alertava sobre um
processo onde a consciência seria “(re)produzida” de maneira tecnológica e o
processo da construção do saber seria algo coletivo. No entanto, o autor
sinaliza através da conhecida frase “O meio é a mensagem”, que está no livro,
não só a importância desse novo aparelhamento tecnológico, mas também o perigo de
não se enxergar o poder nele contido.
Embora seja um dos (se não o)
meio que mais estimula a participação e o debate sobre os mais variados
assuntos, muitos criticam a internet principalmente pelo viés do conteúdo. No entanto, o debate tornou-se redundante e de
certa forma raso, pois, conteúdo é mais uma questão de gosto. De um lado,
alguns enaltecem a democratização da informação, do acesso e, do outro, batem
ferozmente na baixa qualidade do que está sendo oferecido na rede.
O que todos esqueceram é que, de
fato, o conteúdo perde sua importância com o tempo e o que sobrevive, de uma
maneira mais ampla, é a mídia utilizada, a maneira pela qual o processo de
comunicação ocorreu, ou seja: o meio da mensagem. É isso que MacLuhan salienta e
acrescenta dizendo que a massificação desta tecnologia vai influenciar
diretamente nos gostos, na visão de mundo e, de acordo com seu uso, pode até
transformar a personalidade do indivíduo.
Como usuários, a grande maioria
de nós pensa que a funcionalidade da tecnologia só acontece enquanto estamos no
comando, utilizando-a. Isto é um erro porque acabamos direcionados de certa
forma em vários aspectos da vida. Certo grupo de empresários da mídia de massa
defende que a culpa é de como se usa a tecnologia e não dela propriamente dita.
Já MacLuhan sustenta que “toda nova mídia nos modifica”.
O autor começa a observar alguns
hábitos que, aos poucos, foram se modificando com o excesso de informações e a
instantaneidade desse conteúdo fornecido pela web, por exemplo. Ele cita o ato
de leitura, a falta de concentração, a questão de conseguir manter o foco em
longas narrativas e completa falando dos hábitos que passaram a ser modificados
com as “facilidades” promovidas pela internet.
Apesar disso, algumas vantagens
são citadas por alguns autores/leitores da internet, como: maior acesso à
diversidade de informações, o aumento de criatividade, leitura rápida, etc.
Embora a superficialidade das informações, bem como de sua interpretação seja
criticada, a dicotomia do pensamento em rede versus o pensamento linear tem
pontos bem definidos e ultrapassa a barreira da mídia.
Dessa forma, passou-se a estudar
os hábitos de uso da internet e toda sua influência no cotidiano das pessoas
para constatar que em duas décadas a sociedade tornou-se totalmente dependente
dela, ficando de algum modo, conectada. E mesmo os que sabem desse “domínio” da
tecnologia, não permitem que nada atrapalhe sua relação de uso e divertimento
com a mesma.
John Kennemy, autor de O homem e o computador e também o
primeiro a utilizar linguagem de programação de acordo com a do cotidiano, era
um dos grandes nomes da área nos EUA que buscava tornar os computadores
acessíveis para professores e alunos. Dartmouth
College, onde ele estudava, abrigava os mainframes
que permitiam o sistema de tempo
compartilhado, aquilo que podemos comparar ao que chamamos hoje de computador pessoal.
Posteriormente, Kennemy escreveria em seu livro algo sobre esta relação de
convivência entre o homem e o computador.
Essa relação passou a ser apenas
de comandado e comandante, onde o homem começou a enxergar o computador como
uma ferramenta em que era possível também organizar, encontrar e dividir
informações. Ao mesmo tempo em que a máquina, através de novas tecnologias, era
adaptável às “necessidades” do ser humano, o ser humano começa a se adaptar às
novidades oferecidas pelo aperfeiçoamento da máquina, do seu uso e do usuário. Por
consequência, isso passou a deixar evidente o ciclo onde o homem e o computador
se interligam e se completam de algum modo, criando uma de dependência em
diferentes aspectos, como: social, comportamental e de saúde.
O som transformador, do modem se
conectando através da linha do telefone aos servidores, é o meio da mensagem
que não vimos durante muito tempo.
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