segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O Culto do Amador de Andrew Keen


Keen, o autor começa a contar sua trajetória ao criar o Audiocafe.com., um dos primeiros sites com música digital. Através dele, passou a difundir sua ideia de que gostaria de compartilhar e ter músicas acessíveis em todos os lugares e melhorar o mundo com isso, o que basicamente é o “lema” da internet: ter acesso a diversos conteúdos em várias plataformas e mídias. Isso chamou atenção de muitos investidores, o que acabou tornando-o rico. Depois o autor descreve como acontece o evento de O’Rilley, no Vale do Silício, onde diversos apreciadores/especialistas da tecnologia e empresários da nova mídia se reuniam com um sentimento em comum que era o de “uma hostilidade partilhada em relação à mídia e aos entretenimentos tradicionais. Mistura de Woodstock com Burning Man (o festival contemporâneo de autoexpressão realizado num deserto em Nevada) e com um pouco de retiro da Stanford Business School, o FOO Camp é onde os partidários da contracultura dos anos 1960 se encontram com os entusiastas do livre-mercado dos anos 1980 e os tecnófilos dos 1990.”

Eles comemoravam enfim a volta da internet, agora batizada por Tim O’Reilly, de Web 2.0. com isso, o sonho de que todos os americanos estivessem conectados, com acesso à banda larga, estava tornando-se realidade. Daí, a palavra-chave do encontro foi “democratização”. As perspectivas diante do acontecimento ampliou-se também para o quanto esta democratização poderia ser revolucionária. “Mídia, informação, conhecimento, público, autor – tudo iria ser democratizado pela Web 2.0. A internet ia democratizar a grande mídia, as grandes empresas, o grande governo”, explica o autor. No entanto, Keen seguia com a ideia de utilizar a tecnologia para ampliar a música entre as massas. Mas isso foi abafado pelo grupo que solidificava a ideia da democratização da mídia, onde a posição de usuário e de autor passaram a se confundir.

Num evento onde todos obrigatoriamente participavam e eram ali a nova mídia, aos poucos o Keen percebeu que os sobreviventes seriam aqueles que fizessem mais “barulho”, num espaço onde todos faziam seus próprios filmes e as plataformas se misturavam, ele decidiu ir na contramão e simplesmente observar tudo a sua volta. E começa a criticar a revolução digital, onde esta democratização acaba com os talentos, a credibilidade das informações, o “discurso cívico” e, consequentemente, extermina as instituições culturais.
O autor critica o fato de que a Web 2.0 veio com a promessa de levar mais verdade para mais pessoas, perspectivas imparciais, visões globais, mas ele afirma que está acontecendo justo o contrário. Muitas opiniões apaixonadas, superficiais ou simplesmente ponderadas. Situação que ele denomina como “a grande sedução”. Na mesma linha, observa que “o conteúdo gratuito e produzido pelo usuário, gerado e exaltado pela revolução da web 2.0, está dizimando as fileiras de nossos guardiões da cultura, à medida que críticos, jornalistas, editores, músicos e cineastas profissionais e outros provedores de informação especializada estão sendo substituídos por blogueiros amadores, críticos banais, cineastas caseiros e músicos que gravam no sótão. Enquanto isso, os modelos de negócios radicalmente novos, baseados em material gerado pelo usuário, sugam o valor econômico da mídia e do conteúdo cultural tradicionais.”

Além disso, ele diz que essa promessa vazia de democratização da mídia só está empobrecendo a cultura, tirando a credibilidade das informações e gerando um caos de excesso de informações descartáveis. A verdade, no caso, deixaria de ser um aspecto comum a todos e passaria a ser uma versão individual personalizada de cada produtor de informação fazendo até com que a própria verdade em si desaparecesse. Os blogs até hoje são os espaços em que isso se evidencia com mais facilidade, defende. O custo disso tudo, segundo Keen, é a queda na qualidade e confiabilidade da informação gerada. Além disso, as consequências “reais” onde jornalistas são demitidos, jornais fechados, livrarias falidas, tudo por culpa do conteúdo grátis gerado pelos usuários de internet. Porém, esta cultura do grátis tem um preço. Mas são as grandes empresas que ganham com tudo isso e os usuários terminam por ser os grandes fornecedores dessa "criatividade" ou desse "talento".

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