O autor discute aquilo que
chamamos de “propriedade”. Como exemplo,
“Na época em que os irmãos Wright inventaram o avião, a lei americana
pressupunha que um dono de uma
propriedade não era dono apenas das superfícies de suas terras, mas de todo o
chão abaixo, até o centro da terra, e todo espaço acima, por uma extensão indefinida
para cima.” No entanto, “a força do que parecia ‘óbvio’ para qualquer outra
pessoa – o poder do bom senso – iria prevalecer. Seu ‘interesse privado’ não podia
derrubar um ganho público óbvio.”
Edward Howard Armstrong, um dos
inventores mais importantes do século passado e esquecido pela sociedade, criou
o Rádio Fm. A descoberta, superior a de uma tecnologia Am, preocupou o
presidente da RCA, empresa para qual Armstrong trabalhava. Sabendo que ali
nascia uma revolução no campo radiofônico, que seria concorrente direta com a
RCA, a empresa lançou uma campanha para sufocar o FM (apesar de ser uma
tecnologia melhor) por questões estratégicas. “O rádio FM, se permitido fosse
que ele se desenvolvesse livremente, ameaçava causar (...) uma completa
reorganização do poder no rádio (...) e a eventual derrubada do sistema cuidadosamente
restrito de rádios AM no qual a RCA cresceu em poder.”
A empresa manteve por algum tempo
a tecnologia, mas começou uma articulação política para acabar com a nova
tecnologia e manter seu império. Armstrong, indignado com a situação, avaliou
que “A série de golpes que o rádio FM recebeu logo após à guerra em uma série
de normas criadas pela FCC, segundo os interesses das grandes rádios, foi quase
incrível em sua força e malícia.” Tanto foi o empenho dos empresários em
extinguir o FM, que terminaram por paralisar a disseminação do mesmo, pelo
menos temporariamente. Com isso, o inventor enfrentou a RCA, que questionou
suas patentes. Após muitos anos de briga nos tribunais, a empresa ofereceu um
acordo que mal cobria os custos com advogados. Falido, Armstrong suicidou-se.
O autor fala sobre certa “fragilidade”
da lei quando, em determinadas situações, sofre influência quando alguma mudança
legal ou técnica ameaça interesses de grandes empresários. A ideia maior era
reduzir o impacto da mudança tecnológica. A internet não tem um inventor
específico, nem a data de sua criação. Apesar disso, demorou bastante para a
internet se popularizar nos EUA. No entanto, já integrada à vida da sociedade,
passou a gerar mudanças no cotidiano. Daí nasceu o debate sobre a cultura do
que seria ou não comercial. A definição dada no texto é de que “por cultura
comercial entenda-se aquela parte de nossa cultura que é produzida e vendida
ou, mais longe, é produzida para ser vendida. Por cultura não-comercial
entenda-se todo o resto.” A Cultura não-comercial nunca foi regulamentada, nem
tão discutida. Por exemplo, “Os meios cotidianos nos quais as pessoas comuns
compartilhavam e transformavam a sua cultura - contando histórias, reecenando
cenas de peças de teatro ou tv, formando fã-clubes, compartilhando músicas,
gravando fitas – eram ignoradas pela lei.”