O autor começa explanando sobre a
entrada do que é digital na comunicação e na cultura. Depois, levanta o
questionamento de que é preciso discutir o fato de que as máquinas nos enxergam
e como elas nos enxergam. Por exemplo, através de exames de raio-x,
endoscopia... há uma intimidade que é observada, inclusive a física. No
entanto, faz o contraponto citando o benefício do acesso ao acervo das
bibliotecas digitais, que não teríamos condições de armazenar na memória.
Porém, traz a desvantagem, pois, com esta facilidade, criou-se também uma
dependência da tecnologia, aparecendo outras necessidades. Ou seja, as máquinas
passaram a ocupar também a nossa memória.
Bucci critica a falsa ideia de revolução
o que existe em torno da internet e das novas mídias digitais, como se esses
instrumentos fossem responsáveis por trazer voz e igualdade para toda uma
sociedade. No entanto, não é dessa forma que acontece, pois, há pouca diferença
de outras inovações, sendo assim há muito mais uma continuidade do que ruptura.
Para que isso aconteça é necessário rever o que se tem por inclusão digital. “O
grau de acesso e influência que você pode exercer na rede, depende do seu
repertório dentro desse arsenal, em que nível você opera todos esses programas,
que grau de alcance a sua máquina e seu protocolo lhe dá”, conclui. Não se sabe
se as pessoas deixarão de assistir menos tv, ou escutar menos o rádio, fato é
que a mudança está na mídia, mas é certo de que a imagem tem grande poder na
internet e, mesmo o texto tendo seu espaço, a fotografia é uma grande auxiliar
na compreensão como um todo..
Vista sob a perspectiva plana, a
internet permite o acesso e compreensão do seu conteúdo de maneira igualitária.
No entanto, há uma diferenciação vertical que contradiz isso e se dá “pelo grau
de tecnologia que você pode manusear, depois pela familiaridade com que você
tem acesso a milhões de dispositivos. Como você comanda os programas, além de
ser comandado por eles e depois, como a concentração de capital propicia que
alguns agrupamentos tenham mais destaque na difusão da informação e na
administração dos grandes nós dessa rede.” Sobre a possibilidade de
transformação cultural, comunicacional e de espaços públicos através do
processo colaborativo, Bucci diz que está havendo o oxigenação desses aspectos,
onde antigas barreiras estão sendo ultrapassadas. Ele diz que “não é a
tecnologia que muda a sociedade. Nunca foi. A sociedade, ou os movimentos
sociais, ou as relações sociais, é o que dão sentido social e histórico para a
tecnologia, e não o contrário.”
Sobre essa “companhia” da
tecnologia praticamente em tempo integral na vida do homem, que ele trata como “Irmão”,
ela precisa ser melhor acompanhada e estudada, além de problematizar o fato de
para quem estes avanços tecnológicos trabalham. Como a tecnologia nos vê? Quem
enxerga tudo o que produzimos? “A tecnologia por si, ela não muda coisa alguma,
ela espelha ou cristaliza tensões que estavam postas”, conclui. Dentro desse
aspecto, entra a observação sobre a mundialização do que é ou não espaço
público. “Efetivamente existe uma comunicação que expandiu o espaço público
antes nacional para um espaço público cada vez mais internacional, e cada vez
mais as questões são de âmbito mundial”, diz. No entanto, o Estado é incapaz de
dar conta do alcance que a democratização das tecnologias permitiu neste espaço
cada vez mais internacionalizado.
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