sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Comunicação Digital - Eugenio Bucci


O autor começa explanando sobre a entrada do que é digital na comunicação e na cultura. Depois, levanta o questionamento de que é preciso discutir o fato de que as máquinas nos enxergam e como elas nos enxergam. Por exemplo, através de exames de raio-x, endoscopia... há uma intimidade que é observada, inclusive a física. No entanto, faz o contraponto citando o benefício do acesso ao acervo das bibliotecas digitais, que não teríamos condições de armazenar na memória. Porém, traz a desvantagem, pois, com esta facilidade, criou-se também uma dependência da tecnologia, aparecendo outras necessidades. Ou seja, as máquinas passaram a ocupar também a nossa memória.

Bucci critica a falsa ideia de revolução o que existe em torno da internet e das novas mídias digitais, como se esses instrumentos fossem responsáveis por trazer voz e igualdade para toda uma sociedade. No entanto, não é dessa forma que acontece, pois, há pouca diferença de outras inovações, sendo assim há muito mais uma continuidade do que ruptura. Para que isso aconteça é necessário rever o que se tem por inclusão digital. “O grau de acesso e influência que você pode exercer na rede, depende do seu repertório dentro desse arsenal, em que nível você opera todos esses programas, que grau de alcance a sua máquina e seu protocolo lhe dá”, conclui. Não se sabe se as pessoas deixarão de assistir menos tv, ou escutar menos o rádio, fato é que a mudança está na mídia, mas é certo de que a imagem tem grande poder na internet e, mesmo o texto tendo seu espaço, a fotografia é uma grande auxiliar na compreensão como um todo..

Vista sob a perspectiva plana, a internet permite o acesso e compreensão do seu conteúdo de maneira igualitária. No entanto, há uma diferenciação vertical que contradiz isso e se dá “pelo grau de tecnologia que você pode manusear, depois pela familiaridade com que você tem acesso a milhões de dispositivos. Como você comanda os programas, além de ser comandado por eles e depois, como a concentração de capital propicia que alguns agrupamentos tenham mais destaque na difusão da informação e na administração dos grandes nós dessa rede.” Sobre a possibilidade de transformação cultural, comunicacional e de espaços públicos através do processo colaborativo, Bucci diz que está havendo o oxigenação desses aspectos, onde antigas barreiras estão sendo ultrapassadas. Ele diz que “não é a tecnologia que muda a sociedade. Nunca foi. A sociedade, ou os movimentos sociais, ou as relações sociais, é o que dão sentido social e histórico para a tecnologia, e não o contrário.”

Sobre essa “companhia” da tecnologia praticamente em tempo integral na vida do homem, que ele trata como “Irmão”, ela precisa ser melhor acompanhada e estudada, além de problematizar o fato de para quem estes avanços tecnológicos trabalham. Como a tecnologia nos vê? Quem enxerga tudo o que produzimos? “A tecnologia por si, ela não muda coisa alguma, ela espelha ou cristaliza tensões que estavam postas”, conclui. Dentro desse aspecto, entra a observação sobre a mundialização do que é ou não espaço público. “Efetivamente existe uma comunicação que expandiu o espaço público antes nacional para um espaço público cada vez mais internacional, e cada vez mais as questões são de âmbito mundial”, diz. No entanto, o Estado é incapaz de dar conta do alcance que a democratização das tecnologias permitiu neste espaço cada vez mais internacionalizado.

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