quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A internet, e Depois?, de Dominique Wolton


Dominique Wolton vem discutir em “A Internet e depois?” o modo como as pessoas se comunicam e o que há de mais importante nisso, incluindo também a maneira em que as relações coletivas são organizadas. Segundo o autor, a comunicação é vista e dividida sobre três perspectivas: a técnica, a cultural e a social. A mudança mais marcante ocorreu no último século com o desenvolvimento técnico, no entanto os outros pontos têm a mesma importância. Mudanças significativas na comunicação deste século, como o estabelecimento da comunicação de massa, além da globalização cultural, econômica e certa abertura política em todo o mundo, vêm sendo as causas de grandes transformações na sociedade.
Wolton diz que as transformações sociais e culturais poderão ressignificar as novas tecnologias, pois, “... não são, no presente, nem o estado nem a vanguarda da comunicação de amanhã: são o outro lado, o complemento dos meios de comunicação de massa em relação ao modelo da sociedade individualista de massa.” Após duas décadas,  a comunicação foi invadida por um discurso tecnicista, alimentando o estereótipo de que “A tecnologia está avançando, é o progresso (...) Utilizamos as novas tecnologias nos serviços, no comércio, na administração, na educação, no banco para que saltem as fechaduras e se modernize a sociedade.”
O autor cita alguns pontos que resumem seu escrito. No primeiro, ele fala que “O objetivo da comunicação não é tecnológico, mas diz respeito à compreensão das relações entre os indivíduos (modelo cultural) e entre estes e a sociedade (projeto social). É a escolha entre socializar e humanizar a tecnologia ou tecnificar a comunicação.” Depois, ele ressalta que é preciso deixar de lado a ideologia tecnológica que minimiza a comunicação e a tecnologia que constrói uma falsa hierarquia entre novas e velhas mídias, pois, mesmo que várias imagens estejam em diversos monitores em lugares diferentes, por exemplo, não quer dizer que haja uma comunicação melhor. Então, ele trata sobre o desenvolvimento do saber acerca da Comunicação, onde conclui que mesmo que haja um grande avanço no aparelhamento tecnológico isso não significa que há proporcionalmente um aprimoramento da comunicação de fato. Em seguida, ele cita que os meios de comunicação são complementares e “Cada uma destas tecnologias insiste em dimensões diferentes, individuais no caso das novas tecnologias, e coletiva no caso dos meios de comunicação de massa.”

Sobre a relação entre emissor, mensagem e receptor, o autor diz que não há lógica. A comprovação dá-se pelo fato de que, mesmo após muito tempo de domínio, a mídia acabou por padronizar opiniões, envergonhando a Escola de Frankfurt. A mensagem tem sua influência, mas o modo como ela é transmitida e recebida precisa receber mais atenção dos estudos, pois, mesmo que seja a mesma ela não é absorvida da mesma forma em diferentes países. Por fim, comenta que a “sociedade internacional” está em constante mudança e a globalização da comunicação jamais representará esta ideia, pois, há um ideal democrático incrustrado que traz preceitos de organização pacífica dos sistemas políticos, das religiões e valores, enquanto a globalização da comunicação tem seu foco na funcionalidade. 

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