Dominique Wolton vem discutir em “A
Internet e depois?” o modo como as pessoas se comunicam e o que há de mais
importante nisso, incluindo também a maneira em que as relações coletivas são
organizadas. Segundo o autor, a comunicação é vista e dividida sobre três perspectivas:
a técnica, a cultural e a social. A mudança mais marcante ocorreu no último
século com o desenvolvimento técnico, no entanto os outros pontos têm a mesma
importância. Mudanças significativas na comunicação deste século, como o
estabelecimento da comunicação de massa, além da globalização cultural, econômica
e certa abertura política em todo o mundo, vêm sendo as causas de grandes transformações
na sociedade.
Wolton diz que as transformações
sociais e culturais poderão ressignificar as novas tecnologias, pois, “... não
são, no presente, nem o estado nem a vanguarda da comunicação de amanhã: são o
outro lado, o complemento dos meios de comunicação de massa em relação ao
modelo da sociedade individualista de massa.” Após duas décadas, a comunicação foi invadida por um discurso
tecnicista, alimentando o estereótipo de que “A tecnologia está avançando, é o
progresso (...) Utilizamos as novas tecnologias nos serviços, no comércio, na
administração, na educação, no banco para que saltem as fechaduras e se
modernize a sociedade.”
O autor cita alguns pontos que
resumem seu escrito. No primeiro, ele fala que “O objetivo da comunicação não é
tecnológico, mas diz respeito à compreensão das relações entre os indivíduos
(modelo cultural) e entre estes e a sociedade (projeto social). É a escolha
entre socializar e humanizar a tecnologia ou tecnificar a comunicação.” Depois,
ele ressalta que é preciso deixar de lado a ideologia tecnológica que minimiza
a comunicação e a tecnologia que constrói uma falsa hierarquia entre novas e
velhas mídias, pois, mesmo que várias imagens estejam em diversos monitores em
lugares diferentes, por exemplo, não quer dizer que haja uma comunicação
melhor. Então, ele trata sobre o desenvolvimento do saber acerca da
Comunicação, onde conclui que mesmo que haja um grande avanço no aparelhamento
tecnológico isso não significa que há proporcionalmente um aprimoramento da
comunicação de fato. Em seguida, ele cita que os meios de comunicação são complementares
e “Cada uma destas tecnologias insiste em dimensões diferentes, individuais no
caso das novas tecnologias, e coletiva no caso dos meios de comunicação de
massa.”
Sobre a relação entre emissor,
mensagem e receptor, o autor diz que não há lógica. A comprovação dá-se pelo
fato de que, mesmo após muito tempo de domínio, a mídia acabou por padronizar
opiniões, envergonhando a Escola de Frankfurt. A mensagem tem sua influência,
mas o modo como ela é transmitida e recebida precisa receber mais atenção dos
estudos, pois, mesmo que seja a mesma ela não é absorvida da mesma forma em
diferentes países. Por fim, comenta que a “sociedade internacional” está em
constante mudança e a globalização da comunicação jamais representará esta
ideia, pois, há um ideal democrático incrustrado que traz preceitos de
organização pacífica dos sistemas políticos, das religiões e valores, enquanto
a globalização da comunicação tem seu foco na funcionalidade.
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